A Escócia, ao norte da Inglaterra, é considerada o berço do presbiterianismo mundial. Em tempos passados antes que houvesse os meios de transporte que temos hoje, as igrejas ficavam distanciadas umas das outras. Alguns crentes moravam tão longe que não era viável fazer a viagem cada domingo. Nos Domingos em casa, realizavam-se cultos domésticos, convidando os vizinhos mais próximos.

         Entre os presbíteros de uma das igrejas havia um homem que era administrador de uma grande fazenda, cujo dono morava numa cidade distante por causa da educação dos filhos. Só visitava a fazenda, vez em quando, pois tinha plena confiança no administrador.

         Em certa ocasião este recebeu duas cartas. Uma era do pastor, lembrando-lhe que em tal data, um sábado, haveria uma reunião do Conselho para examinar alguns candidatos à profissão da fé e estava contando com sua presença. No dia seguinte haveria a Santa Ceia, que se celebrava a cada trimestre. Outra carta era do patrão, dizendo que pretendia fazer uma vista à fazenda no fim do mês ou no princípio do mês vindouro.

         Disse consigo o administrador. “Bem, espero que ele não venha no sábado em que estarei ausente para atender o compromisso com o pastor. Mas deixarei o João encarregado de recebe-lo”.

         Chegou a semana e, na noite da quinta-feira, o administrador recebeu um telegrama chamando-o urgentemente à uma cidade distante por causa da doença grave de um parente da família. “Agora não posso atender ao pastor, nem ao patrão. Vou escrever uma carta ao pastor e ele receberá sábado de manhã. E outra carta ao encarregado dando-lhe as instruções para o trabalho durante a minha ausência”. Assim fez e partiu de madrugada na manhã seguinte.

         Depois da partida, chegou João – o encarregado – e achou o envelope a ele endereçado. Abriu, e tendo lido a carta, disse: “Aqui há um engano. Esta carta não é para mim, pois trata de uma reunião do Conselho da Igreja. Sei o que aconteceu! Ontem à noite o administrador escreveu duas cartas – uma para mim e outra para o pastor, e os envelopes ficaram trocados”. A conclusão era certa, pois sábado de manhã o pastor recebeu a carta escrita para João.

         Trimestralmente o pastor costumava ter uma reunião no sábado à noite para a preparação do dia seguinte e para que os que viessem de longe melhor aproveitassem a viagem. Disse o pastor: “Tudo coopera para o bem daqueles que ama a Deus”, pois nesta carta vejo uma mensagem para o culto de hoje a noite. As instruções a João, o encarregado, eram as seguintes:

1. Fecha bem seguro o boi negro por ser perigoso.

2. Conserte a cerca quebrada.

3. Cuide dos cordeirinhos novos.

4. Aguarde a vinda do patrão.

         A fazenda de nossas vidas não é nossa. Como crentes, pertencemos ao Senhor Jesus; somos propriedade dEle. A Ele teremos de prestar contas. “Cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”. (Rm. 14.12)

1. O BOI NEGRO

         O pecado é negro e perigoso. Há um boi negro na fazenda de cada um de nós e se não fica bem seguro pode dar prejuízo, não somente a nós, como também aos vizinhos. Cada um sabe como se chama o boi negro na sua fazenda.

         Às vezes um crente diz: “Sim, eu sei que tenho um gênio explosivo, mas isto logo passa, e estou bom outra vez”. É assim como um canhão. Dá-se a explosão, logo depois fica quietinho, mas o estrago já está feito. Outros dizem, querendo se justificar. “Eu também tenho um gênio mau, mas nasci com ele assim”.

         Pode ser, mas ninguém é obrigado a continuar com o gênio que recebeu no nascimento. Uma vez que somos crentes, estão à nossa disposição o poder e a graça de Deus para amansar o boi, e transformar o gênio mau em bom. É possível que o boi negro na fazenda de Davi fosse uma língua descontrolada. Sem dúvida, ele esforçou-se para controlá-la, mas evidentemente não conseguiu, pois finalmente, pois finalmente chegou a Deus dizendo: “Põe tu, Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios”. (Sl. 141.3). Como se chama o boi negro na sua fazenda? Está seguro? É mais manso agora do que quando começou como crente? Os vizinhos têm queixa a respeito? Deve-se recorrer a Deus, como fez Davi.

2. A CERCA QUEBRADA

         Qual é a finalidade de uma cerca? É para guardar os bens da fazenda e impedir a entrada de lobos e ladrões. Na Austrália a indústria principal é a lã de ovelhas, e há fazendas com léguas e léguas de cercas, com postos numerados. De vez em quando o fazendeiro manda um empregado andar a cavalo o dia inteiro ao lado das cercas para ver se em alguma parte é preciso fortalecê-la ou consertá-la, caso haja alguma brecha.

         Descobrindo qualquer coisa assim, ele toma nota do número do posto mais perto e, à noite entrega o seu relatório. O fazendeiro toma as providências necessárias para o conserto. Deus colocou uma cerca em redor da fazenda de nossas vidas? Colocou, sim! Os crentes devem estar lembrados de que na ocasião da profissão de fé o ministro faz certas perguntas e a resposta importa em promessas por parte dos crentes. Uma das perguntas é: “Prometes fazer o uso diligente dos meios de graça por Deus ordenados para o bem do seu povo?

Quais são estes meios de graça?

a. A leitura da bíblia – Deus falando conosco;

b. A oração – Momento em que falamos com Deus;

c. A assistência assídua aos cultos a Deus;

d. A guarda rigorosa do Dia de Deus;

e. A participação no trabalho do Evangelho de Deus, visto que Ele não pode abençoar a preguiça;

f. O pagamento fiel do dízimo de Deus – obediência.

         Eis aí a cerca que Deus colocou. A negligencia de qualquer um destes meios – a falta do “uso diligente” – resultará em uma fraqueza na vida espiritual do crente. Abrindo uma brecha, vão saindo os bens como o amor, o zelo, o entusiasmo, a dedicação, etc., e vão entrando os lobos e ladrões, como a frieza, a indiferença, o mundanismo, e às vezes, as doutrinas errôneas.

         Não é suficiente pôr uma cerca, é preciso conservá-la. Disse o Apóstolo Paulo: “Examine-se cada um a si mesmo” (I Co. 11.28). Tem havido qualquer negligencia no uso de algum dos seis meios de graça? Há alguma brecha, ou mesmo ponto fraco em nossa cerca? Pois havendo, graça a Deus há um meio de consertá-la. Está indicado em I Jo. 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça”. Assim, fica consertada a cerca quebrada.

 

3. OS CORDEIRINHOS NOVOS

         São as almas que Deus nos tem dado. Devemos cuidar dos novos convertidos como cuidamos dos cordeirinhos novos.

4. A VINDA DO PATRÃO

         Pode-se notar que cada capítulo da primeira carta aos Tessalonicenses termina com o mesmo assunto – a segunda vinda de Cristo. Cada vez que participamos da Ceia do Senhor – nós fazemos em memória dEle “até que Ele venha”. Ele virá – isto é certíssimo. Estamos prontos para recebe-lo alegremente. O capítulo 4 da primeira carta aos Tessalonicenses dá uma descrição da maneira da sua vinda, e o último versículo diz: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”. Um ministro visitando certa igreja na Inglaterra leu este versículo, uma segunda vez, usando as palavras: “Alegrai-vos” em vez de consolai-vos. Estava no auditório uma menina com a sua mãe. Quando chegaram em casa, a menina perguntou à mãe se o ministro estava certo na sua leitura. “Por que está duvidando?” respondeu a mãe. “Mamãe a senhora está lembrada de que não estávamos de frente com ele, mas de lado; quando ele disse “Alegrai-vos” eu não estava olhando para ele, mas para o povo, e não vi ninguém alegre.

         De que modo estamos aguardando a vinda do Senhor Jesus?